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Defesa de Tese de Doutorado — Gustavo Magno Baldin Tiguman

4 04America/Sao_Paulo dezembro 04America/Sao_Paulo 2023 @ 09:00 - 13:00

Gustavo Magno Baldin Tiguman

Consumo de medicamentos, uso de serviços de saúde e situação de saúde: análise local e nacional

Local: Auditório Daniel Hogan | transmissão ao vivo

Presidente
Profª Drª Taís Freire Galvão

Membros titulares
Profª Drª Cristiane de Cassia Bergamaschi Motta — Uniso
Prof. Dr. Ivan Ricardo Zimmermann — UnB
Profª Drª Maria Auxiliadora Parreiras Martins — FAFAR / UFMG
Profª Drª Daniela Oliveira de Melo — ICAQF / Unifesp

Membros suplentes
Profª Drª Luciane Cruz Lopes — Uniso
Profª Drª Elisdete Maria Santos de Jesus — FCF / Unicamp
Prof. Dr. Everton Nunes da Silva — FCE / UnB

Resumo

INTRODUÇÃO: O uso e acesso a medicamentos e serviços de saúde constituem-se como medidas indiretas para avaliar o acesso e a equidade de um sistema de saúde e servem como importantes indicadores da situação de saúde da população. Compreender o uso de medicamentos na população brasileira pode esclarecer como ocorre o acesso da população ao tratamento de doenças, bem como identificar possíveis deficiências em políticas públicas relacionadas ao controle e uso racional desses medicamentos.

OBJETIVOS: Avaliar o consumo de medicamentos, o uso de serviços de saúde e a situação de saúde populacional em contexto nacional e local.

MÉTODOS: Foram conduzidos estudos transversais em 2015 e 2019 na cidade de Manaus com amostragem probabilística em três estágios. A prevalência e fatores associados a sintomas depressivos e de ansiedade, doenças crônicas e multimorbidade, uso de serviços de saúde, consumo e falta de acesso a medicamentos, polifarmácia e potenciais interações medicamentosas, uso e automedicação com antibióticos e uso de psicotrópicos e antidepressivos foram avaliados por regressão de Poisson com variância robusta para calcular as razões de prevalência (RP) e intervalos de confiança (IC) de 95%. Revisão sistemática foi conduzida para estimar a prevalência de uso de antidepressivos no Brasil a partir de buscas no MEDLINE, Embase, Scopus, LILACS e SciELO até maio de 2023, com seleção dos estudos, extração dos dados e avaliação da qualidade das pesquisas primárias realizadas por dois pesquisadores independentes. A prevalência foi calculada por meio de meta-análise de proporções por Freeman-Tukey, a heterogeneidade foi medida pelo I² e variações entre estudos foi explorada por metarregressões.

RESULTADOS: Nos inquéritos de Manaus, foram incluídos 3.479 participantes em 2015 e 2.321 participantes em 2019. A maioria dos participantes eram mulheres (2015: 52,1%; 2019: 52,2%), autodeclarados pardos (2015: 72,9%; 2019: 72,1%), pertencentes à classe social C (2015: 57,4%; 2019: 53,6%) e com boa autopercepção de saúde (2015: 64,1%; 2019: 64,8%). Em 2019, a prevalência de sintomas depressivos foi 24,3% (IC95% 22,2-26,5%) e de ansiedade, 21,6% (IC95% 19,6-23,7%), enquanto 30,6% (IC95% 28,7; 32,4%) apresentaram multimorbidade (média: 2,99 doenças crônicas), dos quais 28,8% receberam tratamento para multimorbidade. Entre 2015 e 2019, as consultas médicas passaram de 78,7% (IC95% 77,4-80,1%) para 76,3% (IC95% 74,6-78,1%), as internações hospitalares aumentaram (7,9%; IC95% 6,9-8,8% para 11,5%; IC95% 10,1-12,9%), enquanto a necessidade cirúrgica não atendida diminuiu (15,9%; IC95% 14,7-17,2% para 12,1%; IC95% 10,7-13,5%). Em 2019, metade da população de Manaus consumiu medicamentos na quinzena anterior (53,2%; IC95% 50,7-55,7%); destes, 14% não conseguiram acessar os tratamentos que precisavam. A polifarmácia foi observada em 2,8% (IC95% 2,1-3,6%) da população adulta e 8,9% (IC95% 2,8-15,1%) entre idosos, com alta frequência de potenciais interações medicamentosas (74,0%). De 2015 a 2019, observou-se aumento no uso (2015: 3,7%; IC95% 3,1-4,4%; 2019: 8,0%; IC95% 6,7-9,3%) e a automedicação (2015: 19,2%; IC95% 12,4-26,0%; 2019: 30,7%; IC95% 22,5-38,8%) com antibióticos. Nesse período, a prevalência de uso de psicotrópicos permaneceu estável (2015: 2,0%; IC95% 1,6-2,5%; 2019: 2,7%; IC95% 2,0-3,4%), ao passo que o uso de antidepressivos passou de 0,4% (IC95% 0,2-0,7%) para 1,4% (0,9-1,9%). A prevalência nacional de uso de antidepressivos foi 4,0% (IC95% 2,7-5,6%), sendo significativamente maior em mulheres em comparação aos homens (3 dias anteriores à entrevista: OR=2,82; IC95% 1,72-4,62) e aumentou com a idade dos indivíduos (p=0,035; I² residual=0,0%; coeficiente de regressão=0,003).

CONCLUSÃO: Em 2019, a população adulta de Manaus apresentou alta carga de sofrimento mental, multimorbidade e consumo e falta de acesso a medicamentos, enquanto polifarmácia foi pouco frequente, mas com elevado risco de interações medicamentosas. Entre 2015 e 2019, as consultas médicas e as necessidades cirúrgicas não atendidas diminuíram, mas as internações hospitalares cresceram. O uso e a automedicação com antibióticos aumentaram, assim como o consumo de antidepressivos, mas essa frequência foi numericamente inferior à estimativa nacional de uso de antidepressivos por 4 em cada 100 brasileiros. Estes achados potencialmente indicam efeitos das medidas de austeridade instituídas no período.

Detalhes

Data:
4 04America/Sao_Paulo dezembro 04America/Sao_Paulo 2023
Hora:
09:00 - 13:00
Categorias de Evento:
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Local

Auditório “Daniel Hogan” – Prédio Eng. Básica