Reportagem publicada na Revista do Farmacêutico n. 154, publicação do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo, destacou o cuidado farmacêutico em cosmetologia, a partir do relato da professora Gislaine Ricci Leonardi, da FCF/Unicamp, coordenadora do Grupo Técnico de Trabalho (GTT) de Cosmetologia do CRF-SP
Texto: José Carlos do Nascimento (CRF-SP)
Cosméticos e produtos de higiene são produtos que interferem diretamente na saúde das pessoas e o farmacêutico pode atuar no segmento aproveitando seu conhecimento técnico e científico
Cosméticos são vendidos livremente nas prateleiras de drogarias e até mesmo pela internet, mas precisariam ser preparados e apresentados com responsabilidade para o público. O farmacêutico pode atuar na orientação desta classe de produtos de várias maneiras, aproveitando seu conhecimento em formulações, ingredientes e efeitos dos produtos na pele e em seus anexos.
Esta atuação é ampla e pode proporcionar um cuidado integral e personalizado aos indivíduos. Além da orientação sobre a escolha do produto adequado e modo correto de utilização, o farmacêutico pode atuar na manipulação, ou seja, na pesquisa e desenvolvimento de novas formulações. O vasto conhecimento técnico adquirido em várias disciplinas durante a graduação em Ciências Farmacêuticas permite ao farmacêutico um conhecimento amplo sobre as formulações cosméticas.
Cosméticos são preparações constituídas por substâncias naturais e sintéticas de uso externo nas diversas partes do corpo humano, como pele, unha, sistema capilar, lábios, órgãos genitais externos, dentes e membranas de mucosa da cavidade oral, com o objetivo de limpar, perfumar, alterar aparência, corrigir odores corporais, proteger e manter essas diversas partes do corpo humano saudáveis e bonitas.
Para a Dra. Gislaine Ricci Leonardi, docente da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp e coordenadora do Grupo Técnico de Trabalho (GTT) de Cosmetologia do CRF-SP, o farmacêutico é um profissional bastante capacitado para atuar na área cosmética. Segundo a professora, a disciplina de cosmetologia possibilita ao farmacêutico atuação profissional, tanto na parte de pesquisa e desenvolvimento das formulações, quanto na parte dos estudos de segurança e eficácia das formulações.
Dra. Gislaine acrescenta que além da graduação, o profissional pode se especializar em cosmetologia por meio de cursos de pós-graduação stricto sensu. “Isto tem permitido a formação de mestres e doutores expertises nas ciências cosméticas. Logo, há muitos farmacêuticos capacitados em orientar sobre a escolha e uso racional de dermocosméticos, promovendo cuidado farmacêutico à população, para que esta possa envelhecer com mais qualidade de vida e consequentemente mais saúde”, ressaltou.
A especialista considera que cosméticos também podem ser usados para prevenção do envelhecimento precoce da pele. Para tanto, indica a aplicação contínua de produtos adequados em todas as partes do corpo. “No entanto, algumas dessas partes como face, pescoço e colo necessitam de cuidados mais intensos, uma vez que são nessas regiões que se notam os sinais precoces do envelhecimento cutâneo”, observou.
Autoestima e saúde
Dra. Gislaine explica que a Unicamp, em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), realizou alguns projetos de extensão que visavam oferecer oficinas de automaquiagem a pacientes oncológicas do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism). A atividade consistia em oficinas sobre uso racional de cosméticos, técnicas de maquiagem a serem utilizadas no dia a dia e orientações gerais de cuidado farmacêutico sobre o cuidado da saúde da pele.
As ações educativas ofereceram técnicas de maquiagem. Na frente do espelho as próprias pacientes aplicavam a automaquiagem aprendida, pintando toda a região da face com itens individuais de maquiagem. Ao final da ação, os pesquisadores verificaram relatos das pacientes de que a maquiagem as influenciavam positivamente no bem-estar e no enfrentamento da doença.
“Há décadas estudos demonstram a clara relação entre autoestima e atratividade física, reconhecendo também a importância do assunto no relacionamento interpessoal. As oficinas contribuíram para adesão ao tratamento, uma vez que foi possível criar um vínculo entre as pacientes e a equipe envolvida, tornando o tratamento mais humanizado. Foi possível observar os efeitos positivos, que demonstraram melhora na autoestima, na esperança e, consequentemente, na qualidade de vida das participantes”, concluiu a Dra. Gislaine.