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Jornal da Unicamp: Composto de chá é testado em formulações para a pele

Estudo explora potencial antioxidante e cicatrizante de polifenol presente no chá verde

O Jornal da Unicamp publicou reportagem de autoria de Felipe Mateus e fotografias de Antonio Scarpinetti sobre a pesquisa de mestrado em Ciências Farmacêuticas de Lucélia Luisa da Silva, defendida em maio, com orientação do Prof. Dr. Paulo Cesar Pires Rosa e coorientação de Iara Lúcia Tescarollo. Lucélia se graduou no Instituto de Química da Unicamp e atualmente é analista da Central de Análises – Laboratório de Caracterização de Biomassa, Recursos Analíticos e de Calibração – LRAC da Faculdade de Engenharia Química da Unicamp.

O consumo de chá é uma tradição que se confunde com a história da civilização, havendo registros da prática que remontam a 5 mil anos. Dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) apontam que a produção mundial de chá movimenta US$ 17 bilhões, enquanto seu comércio global gera US$ 9,5 bilhões em faturamento todo ano. Por definição, apenas as infusões de folhas da espécie Camellia sinensis podem ser chamadas de chá. As variedades da bebida – chá preto, verde, oolong, branco etc. – nascem dos diferentes tipos de processamento das folhas daquela espécie de planta. Entre essas variedades, o chá verde é um dos mais reconhecidos por suas propriedades antioxidantes, anticancerígenas, anti-inflamatórias e de combate ao colesterol LDL, contribuindo para a saúde cardiovascular e para a atividade cerebral.

Os benefícios do chá verde devem-se à presença das catequinas, classe de polifenóis com grande potencial antioxidante. Dessas, a epigalocatequina-3-galato (EGCG) mostra-se a mais abundante, correspondendo a algo entre 50% e 80% das catequinas presentes na bebida. Estima-se que uma xícara de chá verde contenha de 200 mg a 300 mg de EGCG. A forma mais simples de auferir os benefícios desse polifenol é pela ingestão do chá. Porém uma pesquisa da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Unicamp explorou maneiras de aplicar a EGCG do chá verde em formulações tópicas, a serem usadas diretamente na pele, e isso por conta de suas propriedades antioxidantes e cicatrizantes. A dissertação de mestrado sobre o assunto foi realizada por Lucélia Luísa da Silva com orientação do professor da FCF Paulo César Pires Rosa e coorientação da professora Iara Lúcia Tescarollo, da Universidade São Francisco (USF).

Poderoso antioxidante

O consumo de alimentos antioxidantes revela-se importante porque essas substâncias neutralizam a ação de radicais livres, moléculas geradas pelo metabolismo do organismo ou por conta de estímulos externos. Esses radicais livres possuem um alto potencial de reação com outras moléculas, como as proteínas, os lipídios e o DNA, o que pode acelerar o envelhecimento celular e comprometer a atividade de órgãos e do sistema imunológico. Os antioxidantes neutralizam os radicais livres porque também são moléculas altamente reativas. Nessa reação, eles transformam esses radicais em moléculas estáveis, impedindo que reajam com outras. Por isso é comum vê-los incorporados a medicamentos e produtos cosméticos. “Na medida em que um produto é antioxidante, ele mantém intacto os componentes com ação benéfica para a pele, por exemplo, ao mesmo tempo que ele mesmo se oxida”, explica Rosa. Por se tratar de um poderoso antioxidante, as moléculas da EGCG também são altamente reativas, o que torna sua incorporação a produtos tópicos um desafio.

No entanto o desenvolvimento de medicamentos para aplicação direta na pele pode garantir a ação da molécula eliminando o risco de ela sofrer modificações que comprometam seu efeito. “Quando ingerimos a EGCG pelo consumo do chá, por exemplo, ela não necessariamente terá um efeito antioxidante no local desejado”, informa Silva. “Com a aplicação tópica, conseguimos disponibilizar o composto diretamente no local de ação.”

A pesquisadora analisou as propriedades e a estabilidade de cinco formulações que levavam 1% de EGCG na sua composição: dois géis, dois cremes e uma pomada. Ao longo de intervalos de um mês, três meses e seis meses, Silva registrou dados como a densidade, o pH e o aspecto do produto e o teor de EGCG preservado na formulação. Por meio de testes in vitro, utilizando uma membrana sintética que simula a pele, a então mestranda também observou quais delas liberavam maior quantidade do composto.

Os resultados mostraram que, nos géis e nos cremes, as formulações apresentaram um pH entre 4,6 e 5,4, compatível com o da pele – por ter sido formulada apenas com compostos oleosos, não foi possível medir o pH da pomada. Nos géis e nos cremes, a EGCG ficou dissolvida, enquanto que, na pomada, ficou dispersa. Segundo a pesquisadora, isso possivelmente acarreta mudanças em outros parâmetros ligados ao desempenho dos produtos. Entretanto ressalta que não houve cristalização do composto previamente dissolvido ou alterações na morfologia após os seis meses, nem alterações nas fórmulas, o que é positivo. Nos testes de estabilidade realizados, transcorrido um semestre, a pomada manteve 98% do teor inicial de EGCG, seguida do creme 2, que manteve 76% do composto, e do gel 2, com 58% da concentração inicial.

Contudo o teste de liberação de EGCG mostrou que, na pomada, a liberação era quase insignificante, de apenas 0,05%. O gel 2 registrou uma liberação de 58,85% e o creme 2, de 3,61%. Ao ponderar o balanço entre a estabilidade da formulação e a liberação do composto, Silva concluiu que o creme 2 revelou-se o mais promissor nos testes in vitro. “O creme também apresentou uma textura mais agradável, o que é importante no contexto de um tratamento, por exemplo”, detalha.

Prof. Dr. Paulo Cesar Pires Rosa, orientador do estudo

Diabetes

A partir do potencial de aplicação da EGCG em produtos tópicos e das características dos produtos desenvolvidos no estudo, os pesquisadores consideram promissora a formulação de medicamentos que utilizem as funções cicatrizantes do composto. “Ainda não existem tantos estudos a respeito disso, tanto em relação às formulações como aos testes in vivo”, ressalta o orientador. Uma possibilidade é realizar testes com pacientes diabéticos, doença que causa problemas de cicatrização de feridas e que, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, afeta mais de 13 milhões de pessoas hoje no país.

Pensando em facilitar a continuidade das pesquisas com as formulações e uma futura aceitação desses produtos pelo mercado, todos os testes foram realizados já de acordo com as exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quanto ao processo de desenvolvimento de medicamentos. Outra preocupação foi manter as formulações clean label, evitando o uso de compostos que podem causar malefícios à saúde, como os parabenos. Silva também destaca que, por se tratar de uma molécula conhecida e por utilizar excipientes amplamente empregados, grande parte dos processos já foi realizada. “É provável que testes futuros com diabéticos sejam facilmente aprovados”, projeta.

Professora da FCF participa do INTEGRA Podcast, do Instituto Escola Nacional dos Farmacêuticos

A professora Elisdete Maria Santos de Jesus, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp, foi convidada para o Integra Podcast, no programa com o tema Acesso a medicamentos no SUS: o que precisamos saber?.

Ela participou ao lado de Ana Emília Ahouagi, gerente de assistência farmacêutica e insumos essenciais da Secretaria Municipal de Belo Horizonte. O programa teve mediação da professora Silvana Nair Leite, da UFSC, e apresentação da jornalista e sanitarista Yasmine Saboya.

O programa pode ser visto na íntegra:

O Integra Podcast é um programa que aborda temas relacionados ao direito à saúde, políticas públicas, assistência farmacêutica, acesso a medicamentos e mercado farmacêutico, entre outros. A iniciativa é fruto de uma parceria entre o Instituto Enfar, Fiocruz e o Conselho Nacional de Saúde, com apoio da OPAS/Brasil e da Fenafar. Surgiu com a missão de disseminar conhecimento de forma democrática, buscando uma aproximação com a sociedade visando popularizar cada vez mais os temas abordados.

Formulação desenvolvida na Unicamp mostra eficácia na cura da ceratose actínica e de outras doenças da pele

As pesquisadoras Gislaine Leonardi (à esq.) e Renata Magalhães desenvolveram a nova formulação capaz de tratar vários tipos de lesões da pele | Crédito: Pedro Amatuzzi – Inova Unicamp

Fórmula dermatológica à base de diclofenaco de sódio e ácido retinóico, desenvolvida por pesquisadores das Faculdades de Ciências Farmacêuticas (FCF) e Médicas (FCM) da Unicamp, apresenta resultados promissores no tratamento de uma série de afecções cutâneas

Texto: Christian Marra – Inova Unicamp | Fotos: Pedro Amatuzzi – Inova Unicamp

Publicado originalmente pela Agência de Inovação da Unicamp

As ceratoses actínicas são lesões de pele que podem afetar pessoas submetidas a uma excessiva e prolongada exposição ao sol. Ela se caracteriza pelo surgimento de manchas escamosas e ásperas na pele, geralmente de coloração marrom ou avermelhada, e é considerada uma lesão pré-maligna, ou seja, pode evoluir a um câncer de pele caso não seja tratada tão logo se manifeste. No Brasil, seu diagnóstico é um dos mais numerosos em termos dermatológicos, situação que se repete em muitos países.

Em virtude do elevado risco à saúde que a ceratose actínica pode provocar, um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que reuniu especialistas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) e da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), desenvolveu uma formulação dermatológica à base de uma associação de diclofenaco de sódio e ácido retinóico capaz de tratar, de forma eficaz, a ceratose actínica. A composição ainda oferece benefícios para condições como acne, melasma, foliculite, psoríase e dermatites, por exemplo. O diclofenaco de sódio é um medicamento com propriedades anti-inflamatórias, comumente usado para aliviar dores e inflamações. O ácido retinóico, por sua vez, é um derivado da vitamina A amplamente empregado na dermatologia devido à sua capacidade de renovação celular e sua ação antienvelhecimento. Combinar ambos em uma formulação parecia ser uma solução natural, mas o trabalho dos pesquisadores esbarrou em um obstáculo desafiador: os dois possuem baixa solubilidade em água, o que limitaria a possibilidade de se criar emulsões para uso tópico nos tratamentos de tais doenças.

Desafios para compor a formulação dermatológica

A baixa solubilidade em água dificulta que um ingrediente possa compor, por exemplo, emulsões ou géis – cremes ou pomadas, como são popularmente chamadas. Por isso, para reunir os dois componentes em uma formulação voltada à aplicação diretamente na pele, a pesquisa exigiu identificar outros agentes que assegurassem a sua estabilidade.

A professora da FCF, Gislaine Leonardi, que participou do grupo de pesquisa, explica que “era preciso encontrar agentes emulsionantes que garantissem a estabilidade de ambos, especialmente do ácido retinóico, cuja estabilidade é menor, o que diminui a vida útil de um fármaco, ou seja, seu prazo de validade fica reduzido. Boa parte dos esforços desta pesquisa concentraram-se na busca desses agentes para contornar o problema da baixa solubilidade em água do diclofenaco de sódio e do ácido retinóico”, comenta a pesquisadora.

Testes clínicos e primeiros resultados da formulação da Unicamp

inda segundo Leonardi, a equipe conseguiu chegar a uma formulação com uma boa estabilidade química e com a questão da solubilidade equacionada. O passo seguinte foi iniciar os testes clínicos para avaliar a sua eficácia. A professora da FCM, Renata Ferreira Magalhães, que também participou da pesquisa, promoveu uma parceria com o Hospital de Clínicas da Unicamp para a testagem dos pacientes.

Magalhães ressalta que, de forma rotineira, já são feitos vários tratamentos com produtos tópicos para ceratoses actínicas, incluindo ácido retinóico e diclofenaco, de forma separada: “O protocolo de tratamento com a nova formulação foi uma ótima oportunidade para o estudo. Essa pesquisa teve aprovação no Comitê de Ética da instituição e seguiu todos os requisitos para boas práticas em pesquisa clínica”, completa a professora.

Mas esta etapa sofreu um imprevisto que atrasou a evolução da pesquisa: “a pandemia atrapalhou bastante os nossos testes clínicos. Eles costumam ser demorados, cada paciente precisava ser acompanhado por mais de um mês. E nesse meio tempo, sempre surgia algum problema ligado à pandemia que interrompia os testes e nos levavam à estaca zero. Foi preciso esperar que ela fosse controlada para que pudéssemos avançar”, acrescenta Leonardi.

Passada a pandemia e realizado o protocolo de avaliação clínica do produto, os efeitos alcançados pela formulação no tratamento dos pacientes acometidos pela ceratose actínica foram positivos. “Os primeiros resultados e indícios são de que esta formulação é bastante eficaz. A testagem foi executada junto a um número maior de pacientes. Nós esperamos divulgar, até o final deste ano, os números finais dos resultados desta formulação, que vem apresentando resultados robustos até o momento”, detalha Leonardi. Ainda segundo ela, a pesquisa encontra-se atualmente em seu estágio final e não estão sendo feitos novos testes clínicos em pacientes.

Apoio da Inova Unicamp na proteção da tecnologia

Em virtude dos resultados promissores obtidos na primeira sequência de testes clínicos, a equipe de pesquisadores decidiu avançar no processo de proteção intelectual do invento. “Os números dos testes iniciais mostraram que a formulação alcançou uma ótima estabilidade e solubilidade. Por isso decidimos já iniciar a tramitação do depósito de sua patente”, afirma Leonardi.

Para isso, a Agência de Inovação da Unicamp (Inova Unicamp) forneceu a sua assessoria para executar a proteção de sua propriedade intelectual. A formulação desenvolvida pelos pesquisadores tem potencial de aplicação na indústria farmacêutica, sobretudo no desenvolvimento de novos medicamentos para tratamento de doenças de pele.

Leonardi conclui com um importante alerta: “Esta formulação é destinada especificamente para o tratamento de doenças como a ceratose actínica, entre outras enfermidades cutâneas, com boa possibilidade de sucesso. Mas vale lembrar que a ceratose actínica é uma doença que pode ser evitada e a prevenção é o melhor a se fazer. Para isso, é preciso evitar a exposição excessiva e duradoura da pele ao sol e adotar medidas de proteção solar. Nossa formulação pode auxiliar na cura da doença. Mas o ideal é não chegar a esse ponto”, alerta a pesquisadora.

Como licenciar uma tecnologia na Unicamp

A Inova Unicamp disponibiliza no Portfólio de Tecnologias da Unicamp uma vitrine tecnológica. Empresas e instituições públicas ou privadas podem licenciar a propriedade intelectual desenvolvida na Unicamp, com ou sem exclusividade, tais como patentes, cultivares, marcas, software e know-how. O contato e negociação é realizado diretamente com a Agência de Inovação da Unicamp pelo formulário de conexão com empresas. A Inova Unicamp também oferta ativamente as tecnologias para as empresas, com a intenção que o conhecimento gerado na Universidade chegue ao mercado e à sociedade. Para conhecer outros casos de licenciamento de tecnologias da Unicamp acesse o site da Inova.

Cerimônia de posse da nova diretoria da FCF será no dia 12 de agosto

A cerimônia de posse do Prof. Dr. Jörg Kobarg como novo diretor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp será no dia 12 de agosto, segunda-feira, com início às 15 horas, no Salão Nobre da Faculdade de Educação da Unicamp.

A Diretoria da FCF será conduzida pelo diretor Prof. Dr. Jörg Kobarg e pela diretora associada Profª Drª Wanda Pereira Almeida no quadriênio 2024-2028. Eles sucederão os professores Rodrigo Ramos Catharino e Priscila Gava Mazzola, que estiveram à frente da Diretoria da FCF no período 2020-2024.

“Minha Pesquisa”: Giulliana Galdini Costa

Confira mais um vídeo da série Minha Pesquisa, produzido pela equipe da Assessoria de Comunicação da FCF.

Neste mês, a convidada é Giulliana Galdini Costa, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas que atua no Grupo de Pesquisa e Desenvolvimento de Compostos Bioativos, orientada pelo Prof. Dr. Daniel Fábio Kawano. Ela também é coorientada pela Profª Drª Catarina Raposo Dias Carneiro, do Laboratório de Terapias Avançadas.

Giulliana estuda uma nova forma de produzir um marcador importante que facilita a cirurgia de remoção de tumores cerebrais. Esse marcador possui um custo elevado e a descoberta de uma nova rota de síntese será útil para redução de gastos, pois atualmente a única forma de se obtê-lo é através de importação.

Pesquisas relacionadas ao uso terapêutico da cannabis na FCF são destaque no Portal Sechat

O Portal Sechat, que tem entre seus colunistas a professora Priscila Gava Mazzola, diretora associada da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp, deu destaque a pesquisas com cannabis realizadas por seu grupo de pesquisa e eventos recentes sobre o tema.

Para o jornalista João Negromonte, a Unicamp “está liderando uma revolução no uso medicinal da cannabis com pesquisas que prometem transformar a experiência de tratamento para inúmeros pacientes. As novas criações incluem um hidrogel curativo e um adesivo dérmico para proporcionar mais conforto e eficácia no tratamento de ferimentos e doenças de pele”. Em maio, a EPTV e o G1 também noticiaram as pesquisas.

Segundo Negromonte, “esse progresso científico tem sido crucial para a formulação de novas políticas públicas que visam regulamentar e fomentar o uso terapêutico e econômico da cannabis no país”. Também destacou a participação da professora Priscila Mazzola no Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal, realizado de 23 a 25 de maio.

Leandro Maia, por sua vez, comentou o seminário internacional realizado na Unicamp sobre regulamentação da produção, distribuição e uso terapêutico da cannabis no Brasil.

Já Bruno Vargas também registrou o Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal, bem como o Congresso Goiano de Cannabis Medicinal e Cânhamo Industrial, promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil — Seção Goiás (OAB-GO), em parceria com a Escola Superior da Advocacia, também com participação da professora Priscila, nos dias 27 e 28 de junho, em Goiânia.

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“A chegada dos nitazenos” ao Brasil

Texto: Gustavo Teramatsu

A recente publicação do artigo Synthetic illicit opioids in Brazil: Nitazenes arrival, na Forensic Science International: Reports, com participação do professor José Luiz da Costa, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp, no âmbito do projeto INSPEQT, teve grande impacto na mídia nos últimos dias.

Foi descrita, pela primeira vez, a presença de nitazenos no Brasil, em análises realizadas pela Superintendência da Polícia Técnico-Científica em 140 amostras de drogas apreendidas entre julho de 2022 e abril de 2023 no estado de São Paulo, em cidades da Região Metropolitana de São Paulo (São Paulo, Diadema, Guarulhos, Cajamar, Francisco Morato, Caieiras, Mairiporã, São Bernardo do Campo, Carapicuíba, Ribeirão Pires e Biritiba Mirim), na Região Metropolitana da Baixada Santista (Santos, São Vicente Praia Grande, Mongaguá e Itanhaém) e no interior (Sumaré e Mirandópolis).

O estudo destaca que “o efeito de fumar um opioide potente junto com canabinoides sintéticos é imprevisível, e a maioria dos usuários não pode estar ciente do que está consumindo”, e conclui que “há relativamente poucas apreensões de opioides quando comparadas a outras drogas apreendidas no país, mas tanto as autoridades policiais quanto os profissionais de saúde precisam permanecer vigilantes, pois a ameaça representada por esses novos compostos começa a se expandir no território brasileiro”.

20/7: Jornal Nacional: Nitazeno: novo opioide, mais forte que heroína e fentanil, é achado em drogas apreendidas em SP

20/7: CNN Brasil: Pesquisadores encontram substância “500 vezes mais potente que a heroína” em drogas apreendidas em SP

21/7: Metrópoles: Opioide pior que heroína é achado em drogas de ”efeito zumbi” em SP

21/7: Correio: Nitazeno: novo opioide é encontrado em drogas sintéticas vendidas em SP

22/7: O Globo: Nitazeno: o que é a droga até 40 vezes mais potente que o fentanil que foi encontrada pela 1ª vez no Brasil

22/7: Estadão: Nitazeno: saiba mais sobre opioide 20 vezes mais potente do que fentanil achado em drogas em SP

22/7: Tudo EP: O que é nitazeno?

22/7: SBT News: O que é nitazeno, opioide mais potente que heroína e fentanil encontrado em drogas sintéticas no Brasil

22/7: Olhar Digital: Droga mais potente do que fentanil está circulando no Brasil

22/7: Istoé: O que é o nitazeno: opioide mais forte que heroína e fentanil apreendido em SP

23/7: Revista Oeste: Cientistas encontram em SP opioide até 2 mil vezes mais potente que heroína

25/7: UOL: ‘Pode matar’: Droga 20 vezes mais forte que fentanil é achada em K9 em SP

Amauri Leal Jr., doutorando da FCF, representa a Unicamp no Meeting Paralímpico Loterias Caixa e ganha três ouros na natação

Texto: Gustavo Teramatsu | Fotografias: Acervo pessoal

No dia 22 de junho, Amauri Donadon Leal Junior, estudante de Doutorado em Ciências Farmacêuticas da Unicamp e nadador, participou do Meeting Paralímpico Loterias Caixa, realizado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro no Centro de Treinamento Paralímpico em São Paulo. Ele foi o único estudante da Unicamp na competição e brilhou ao conquistar ouro nos 50 metros livres, nos 100 metros livres e nos 100 metros costas, na seletiva estadual paulista das Paralimpíadas Universitárias.

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Amauri compete na classe S13, voltada para atletas de baixa visão. “Minha deficiência se chama distrofia de cones e bastonetes, é uma doença degenerativa da retina. Assim, tenho baixa visão, principalmente no centro da visão onde a degeneração é mais acentuada. Além disso, essa condição afeta a identificação de contrastes, cor, visão central de precisão e principalmente, fotofobia, que é a dificuldade em enxergar em ambientes claros”, explica. “Mas, de forma geral, consegui adequar bem minha rotina e achar alternativas para o que poderia ser um obstáculo pela visão”, acrescenta.

Entre as adaptações, está o uso do alto contraste e amplificador de tela em seu celular e no computador. Essa adaptação foi necessária, inclusive, na prova escrita do processo seletivo para ingresso no Doutorado em Ciências Farmacêuticas, no qual foi aprovado em primeiro lugar, em junho de 2023.

O projeto de pesquisa de doutorado, atualmente financiado por uma bolsa da CAPES, está sendo conduzido no Laboratório de Biologia Computacional do Laboratório Nacional de Biociências do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, sob orientação do pesquisador Paulo Sergio Lopes de Oliveira. Seu foco está no uso métodos computacionais para entender a estabilidade de anticorpos. “Entender essas proteínas do sistema imune é muito importante, pois elas podem ser sintetizadas como fármacos no tratamento de doenças causadas por agentes de alta complexidade, como cânceres”, argumenta Amauri. “A nossa ideia é usar diversas ferramentas computacionais poderosas para entender a dinâmica dos anticorpos, trazendo mais informações e podendo até prever novos anticorpos candidatos a serem uma nova opção terapêutica. Isso pode auxiliar na bancada experimental da indústria e pesquisa prevendo candidatos promissores, reduzindo o tempo e custo das tentativas de desenvolvimento de anticorpos e acelerando este processo”.

O caminho até o ouro por meio da extensão universitária

A jornada de Amauri na natação teve início durante um projeto de extensão coordenado pelo professor Décio Roberto Calegari — que era doutor em Educação Física pela Unicamp e faleceu precocemente em fevereiro de 2020 — na Universidade Estadual de Maringá, sua cidade natal, quando cursava o curso de graduação em Biomedicina. Desde então, treinado por Raphael Matsumoto, já participou de outras edições das Paralimpíadas Universitárias e de Meetings Paralímpicos do Circuito Loterias Caixa, Regional Rio-Sul. No Paraná, ele detém recordes estaduais na classe S13 dos Jogos Abertos do Paraná, e competiu na fase nacional do Circuito Loterias Caixa, onde conquistou duas medalhas de bronze. Amauri destaca essas conquistas como seus resultados mais significativos, especialmente por serem em competições de nível nacional.

Os treinos foram interrompidos devido à mudança para Campinas. “Precisei me adaptar primeiro e acabei ficando um semestre sem praticar atividade física. Isso estava acabando comigo, física e mentalmente. Então fiz um propósito concreto de buscar algo na Unicamp nesse sentido”, relata. Os primeiros passos foram dados em fevereiro deste ano, quando se aproximou da professora Maria Luíza Tanure Alves, por indicações que recebeu quando procurou a Faculdade de Educação Física. Amauri foi então encaminhado para a professora Mariana Simões Pimentel Gomes, que trabalhou em três edições de Jogos Paralímpicos, incluindo Rio 2016. As professores Maria Luíza e Mariana são docentes do Departamento de Estudos da Atividade Física Adaptada, da Faculdade de Educação Física da Unicamp, e lideram o grupo de pesquisa em Atividade Física Adaptada e Esporte Paralímpico.

“A professora Mariana abraçou a causa e tornou possível abrir uma turma de extensão de natação paralímpica”, explica o doutorando. “O que havia começado com um pedido singular se tornou uma turma com vinte alunos inscritos. Fiquei muito feliz com esse fato, porque sei o poder que o esporte tem em melhorar a vida das pessoas como um todo — física, mental e socialmente”.

No primeiro semestre deste ano, Amauri conseguiu equilibrar diversas atividades. Além da própria pesquisa de doutorado, das aulas de uma disciplina obrigatória do curso de pós-graduação em Ciências Farmacêuticas, do estágio docente na disciplina de Boas Práticas de Laboratório e Gestão de Resíduos do curso de Farmácia, ele manteve a rotina de treino duas vezes por semana nas piscinas da Faculdade de Educação Física. Foi durante o treinamento que surgiu a oportunidade de participar do Meeting Paralímpico, que resultou nas três medalhas douradas, a primeira conquista como estudante da Unicamp.

“Fico muito feliz com a oportunidade de competir pela Unicamp, mas mais feliz ainda por ver que esse projeto está melhorando a vida de mais pessoas. Meu objetivo é a carreira científica, é para isso que vim, mas entendo que é preciso manter um equilíbrio entre corpo e mente, e a natação ajuda a balancear isso. Além de mostrar que um empenho acadêmico não exclui um desempenho esportivo e vice versa, isso pode trazer para os novos atletas mais alternativas fora da piscina, uma composição completa”, conclui.

Esporte, acessibilidade e inclusão na Unicamp

Amauri e Edilene Donadon na inauguração do VAMUS, em outubro de 2023

A principal dificuldade vivenciada por Amauri em seu dia a dia é a locomoção no campus da Unicamp e em Barão Geraldo. Para isso, ele conta com o auxílio de uma bengala verde (assim como outros municípios, Campinas tem legislação sobre o tema — a lei 16.259, de 16 de maio de 2022).

Nas dependências da Unicamp, ele utiliza com frequência o VAMUS, veículo acessível de mobilidade cujo serviço está disponível desde outubro de 2023. Inclusive, ele e a idealizadora do projeto, a arquiteta Edilene Donadon, que coordena o Laboratório de Pesquisa Aplicada em Acessibilidade Arquitetônica e Urbana, o Lapa, da Prefeitura Universitária, inaugurado em maio, têm um parentesco distante.

Além disso, em 14 de junho de 2024, a Comissão Central de Pós-Graduação publicou uma instrução normativa orientando que os programas de pós-graduação implementem vagas adicionais exclusivas voltadas às pessoas com deficiência aprovadas em processos seletivos. Finalmente, o Grupo de Trabalho designado em junho de 2023 pela avaliar e propor medidas para implantação de cotas para pessoas com deficiência nos processos seletivos dos Colégios Técnicos e Vestibular da Unicamp divulgou seu relatório final, que foi encaminhado para discussão nas Congregações das Unidades de Ensino e Pesquisa.

Em relação ao esporte, em novembro de 2023, uma Diretoria de Esportes foi integrada à Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Unicamp, que passou a se chamar, em maio de 2024, Pró-Reitoria de Extensão, Esporte e Cultura — ProEEC. A Diretoria será responsável por implementar a Política de Esportes da Universidade (Deliberação CONSU-A-028/2023). A norma prevê o incentivo ao desenvolvimento de atletas e paratletas de rendimento, visando a participação da Unicamp em competições esportivas oficiais, bem como, no futuro, a concessão de bolsas aluno-atleta e de bolsas aluno-treinador para estudantes.

São avanços recentes da Unicamp em esporte, acessibilidade e inclusão que inspiram mudanças institucionais significativas, e que se relacionam à recente conquista de Amauri.

Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas oferece vagas para o Programa Move La América

Texto: Gustavo Teramatsu

O Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Unicamp abriu oito vagas no Programa Move La América (Portaria n. 84, de 19 de março de 2024 e Edital 7/2024), voltado à atração de discentes vinculados a instituições de ensino e pesquisa estrangeiras da América Latina e Caribe. O Programa tem como objetivo o fortalecimento dos Programas de Pós-Graduação e a criação de um ambiente institucional internacional, por meio de concessão de até 1000 bolsas de mestrado sanduíche (até 3 meses) e até 600 bolsas de doutorado sanduíche (até 6 meses) no Brasil para realização de estágios, pesquisas, atividades de extensão e disciplinas de pós-graduação. Os beneficiários selecionados receberão mensalidades no valor das bolsas de mestrado e doutorado da CAPES, além de auxílio deslocamento, auxílio instalação e auxílio seguro-saúde.

A divulgação de vagas feita no último dia 16 já demonstra que o Programa é um grande sucesso: em todo o Brasil, foram ofertadas ao todo 16367 vagas em 3916 cursos, sendo 8246 vagas em 1999 cursos de mestrado; 1112 vagas em 301 cursos de mestrado profissional; 6884 vagas em 1572 cursos de doutorado; e 125 vagas em 44 cursos de doutorado profissional.

Além disso, o Programa financiará até 1.600 projetos de pesquisa ou extensão (um para cada bolsa), no valor de R$ 5 mil cada, para o professor responsável pela coorientação do bolsista no Brasil.

Na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp, são 4 vagas de mestrado e 4 vagas de doutorado, sob supervisão de um dos seguintes orientadores: Catarina Raposo Dias Carneiro, Laura de Oliveira Nascimento, Marta Cristina Teixeira Duarte, Patricia Moriel e Paulo César Pires Rosa.

Os candidatos estrangeiros devem se inscrever de 22 de julho até as 17 horas do dia 8 de agosto de 2024. O início dos estudos no Brasil está previsto para o primeiro semestre de 2025.

Errata (24/7/2024): no dia 22 de julho, a CAPES alterou o número máximo de bolsas de mestrado-sanduíche (de 300 para 500) e de doutorado-sanduíche (de 200 para 300). Contudo, o número máximo de meses também foi alterado: (mestrado: máximo de 3 meses, e não mais 6 meses; doutorado: 6 meses e não mais 12 meses). O texto foi alterado.

Errata (21/8/2024): a CAPES alterou o quantitativo de bolsas de mestrado-sanduíche (de 500 para 1000) e de doutorado-sanduíche (de 300 para 600). O texto foi alterado.

Farmacogenômica e Cosmetogenômica são tema de disciplina de pós-graduação no segundo semestre

A pós-doutoranda Carolina Dagli Hernandez, vinculada ao Laboratório de Farmácia Clínica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, ministrará a disciplina de pós-graduação Farmacogenômica e Cosmetogenômica no 2º semestre de 2024. Os encontros semanais versarão sobre a base genética de resposta e de eventos adversos aos medicamentos, métodos em farmacogenômica, estudo da medicina personalizada e da cosmetogenômica, com discussão de casos e práticas.

O oferecimento é CF044 — Tópicos Especiais em Ciências Farmacêuticas II, turma FC, com 4 créditos.