Instituto Serrapilheira: Desenvolvimento de ferramentas computacionais é essencial para a descoberta de novos fármacos a partir da biodiversidade brasileira

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Matéria publicada pelo Instituto Serrapilheira destacou atuação da pesquisadora do CNPEM Daniela Trivella, professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas. Uma das autoras do estudo publicado na ACS Analytical Chemistry é Bruna Domingues Vieira, egressa do curso de pós-graduação da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp.

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Por Eduarda Antunes Moreira, em 25 de outubro de 2024

O desenvolvimento de um novo fármaco é um processo complexo que depende da interação de diferentes áreas. A busca de novas substâncias a partir de plantas, microrganismos e animais, especificamente, é conhecida como Química de Produtos Naturais. A descoberta e desenvolvimento de novos fármacos a partir destas substâncias envolve também outros conhecimentos, como das ciências biológicas e da saúde, da física,  ecologia e, cada vez mais, da ciência da computação – por mais surpreendente que isso possa parecer!

A pesquisadora Daniela Trivella é um ótimo exemplo dessa sobreposição de áreas: graduada em ciências biológicas, tem mestrado em biotecnologia,  doutorado em ciências físicas biomoleculares e pós-doutorados nas áreas de química e farmacologia. Hoje, ela coordena a Plataforma de Descoberta de Fármacos do Laboratório Nacional de Biociências no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (LNBio/CNPEM), onde, entre outros projetos, desenvolve ferramentas computacionais para a descoberta, caracterização e produção de produtos naturais bioativos e inéditos derivados da biodiversidade brasileira.

A ideia de desenvolver um programa de computador em um grupo de pesquisa dedicado à descoberta de fármacos surgiu de uma dificuldade enfrentada diariamente: a grande quantidade e complexidade dos dados torna a análise manual, sem auxílio computacional, impraticável. “Nós precisávamos de um software que pudesse analisar muitas amostras de uma só vez, e que nos desse respostas mais diretas sobre suas moléculas e quais delas poderiam ser responsáveis por uma dada atividade biológica”, explica Trivella.

Ao perceber essa necessidade, a pesquisadora submeteu um projeto de financiamento ao Instituto Serrapilheira e montou uma equipe de computação para o desenvolvimento do NP3 MS Workflow – uma interface computacional que realiza o processamento de dados, direcionando a busca por produtos naturais bioativos a partir de misturas complexas de substâncias (como os extratos de plantas e microrganismos). “Com o NP3 MS Workflow conseguimos analisar de forma muito mais ágil e eficiente uma grande quantidade de dados, extraindo informações valiosas sobre moléculas potencialmente bioativas”, ressalta Daniela.

As aplicações da ferramenta não se limitam à busca por novos medicamentos. O software também pode ser utilizado por cientistas de diversas outras áreas, como a ecologia química – que busca compreender as interações entre os seres vivos e o ambiente a partir das substâncias produzidas por eles, a quimiotaxonomia – que pretende identificar a espécie de um ser vivo a partir de seus compostos químicos, e a metabolômica humana – que investiga os metabólitos do corpo humano, podendo relacioná-los a doenças.

O desenvolvimento do software, que é gratuito e de código aberto (open source), ainda rendeu ao grupo de pesquisa uma publicação na revista científica Analytical Chemistry, que possui grande prestígio na área, sendo também contemplada uma das capas da edição.

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