Autora: Ana Beatriz de Souza Carvalho, graduanda em Farmácia

Revisão: Profª Drª Patricia Moriel

Os medicamentos são o principal tratamento para grande parte das doenças conhecidas, o que os tornam essenciais em nossa vida. Quase todo mundo tem pelo menos um medicamento analgésico, como a dipirona ou o paracetamol em casa, mas o uso indiscriminado e sem orientação pode trazer riscos à saúde. Existe, portanto, a necessidade da conscientização e divulgação fidedigna do uso racional de medicamentos, visto que a facilidade de acesso, muitas vezes faz com que haja o uso inadequado que pode levar a eventos adversos indesejáveis ao paciente. Os eventos adversos aos medicamentos são monitorados pela farmacovigilância.

Segundo a ANVISA, farmacovigilância é “a ciência e atividades relativas à identificação, avaliação, compreensão e prevenção de efeitos adversos ou quaisquer problemas relacionados ao uso de medicamentos”, ou seja, a farmacovigilância é a responsável por monitorar e controlar o uso racional medicamentoso, com a finalidade de que seus benefícios sobreponham qualquer adversidade que eles possam causar, porém, isso não exclui a possibilidade de eventos indesejados acontecerem. Eventos adversos podem ocorrer, por diversos motivos, como uso abusivo, interação medicamentosa, uso de medicamentos para prescrições diferentes das indicadas no registro deles, intoxicações, inefetividade da terapêutica e possíveis falhas na qualidade de fabricação do medicamento.

Nestes últimos anos, com a pandemia de COVID-19, houve um grande destaque do tema, uma vez que a população se viu frente a uma doença sem tratamento, assim vários medicamentos já existentes acabaram caindo em uso dessa população por indicações muitas vezes não baseadas no estudo e na ciência dos medicamentos. Foram utilizados medicamentos de forma indiscriminada e que não tinha efeito algum contra a doença, e ainda que podiam causar efeitos nocivos à pessoa que usava este indiscriminadamente. A farmacovigilância também ficou muito em cartaz devido ao desenvolvimento das vacinas para a Covid-19. As “novas” vacinas geraram muita discussão na sociedade, sendo, em grande parte, motivada por negacionismo científico. Isso levou até mesmo à baixa aderência ao recurso terapêutico, sendo que as vacinas passaram por inúmeros testes antes de serem liberadas e tidas como eficazes e seguras para a população. Muito se discutiu da segurança destas vacinas, muitas fake news e comentários sem embasamento científico surgiram, por exemplo: a vacina implanta um chip na pessoa, você vai virar jacaré, a vacina pode transmitir HIV, muita gente morreu por causa da vacina, entre outros; e pior que muita gente acredita. No Brasil, a ANVISA é responsável por acompanhar e normatizar a farmacovigilância, publicando procedimentos obrigatórios para assegurar a segurança dos medicamentos e produtos afins. 

Aqui na FCF, possuímos uma docente (Profª Drª Patricia Moriel) que é especialista em farmacovigilância e que desenvolve suas pesquisas voltadas à melhoria da segurança dos medicamentos. Seus estudos estão focados principalmente nas reações adversas aos medicamentos utilizados na oncologia, mas também realiza estudos com doenças gerais no Hospital Estadual de Sumaré e no Hospital de Clínicas da Unicamp. As pesquisas acompanham os pacientes durante a utilização do medicamento, identificando possíveis reações adversas e buscando marcadores precoces que possam predizer essa reação ou que possam orientar a melhor conduta para minimizar os danos. Dentre esses marcadores estão os marcadores genéticos, o estudo da relação da resposta/segurança de um medicamento com a genética do indivíduo é chamado de farmacogenômica.