A Mata Santa Genebra, um remanescente da Mata Atlântica na região de Campinas, recebe regularmente alunos de uma disciplina de extensão sobre o uso seguro das plantas medicinais, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Unicamp. Uma vez por mês e sob a coordenação da professora Alexandra Christine Helena Frankland Sawaya, os estudantes apresentam para os visitantes da mata a diversidade das plantas medicinais, como deve ser feito o uso correto dessas espécies vegetais e como identificá-las. Segundo Sawaya, não são raros os casos em que as pessoas confundem uma planta com outra, como o boldo, usado para problemas digestivos, com o malvarisco (hortelã-da-roça), destinado a problemas respiratórios. No mês de maio, foram distribuídas mudas de boldo e guaco, também indicado para problemas respiratórios. Sawaya alerta, porém, que essas e outras plantas medicinais não são indicadas para problemas graves de saúde e devem ser consumidas por um tempo limitado. Na atividade de maio na Mata Santa Genebra participaram o aluno de graduação Murilo Alberici de Oliveira, que aparece no vídeo, Marco Abreu de Almeida (aluno especial), Amancio Henrique Damasceno Rodrigues (doutorando no Programa de Ciências Farmacêuticas) e o pós-doutorando vinculado à FCF, é Guilherme Perez Pinheiro.
Reprodução da publicação do Jornal da Unicamp, edição 727. Texto de Felipe Mateus com fotografia de Antoninho Perri e Cássio Figueira/Divulgação. Edição de imagem de Alex Calixto e Paulo Cavalheri
Estudo atesta propriedades antitumorais de oleorresina de copaíba
Faculdade de Ciências Farmacêuticas analisa farmacologia de produto amazônico
As copaíbas são um patrimônio da flora brasileira. Trata-se de árvores com cerca de 25 a 40 metros de altura encontradas na América Central, na América do Sul e na África Ocidental. Mais de 70 espécies de copaíba já foram descritas no mundo, 16 das quais endêmicas do Brasil e ocorrendo principalmente na região amazônica e na Região Centro-Oeste. Conhecidas popularmente como paus-de-óleo, essas árvores possuem troncos que produzem uma oleorresina com propriedades farmacológicas verificadas em modelos experimentais, fazendo do produto um componente importante da medicina tradicional dos povos amazônicos.
Com o objetivo de aprofundar os conhecimentos acerca dessas propriedades, um estudo da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Unicamp avaliou o potencial antitumoral da oleorresina de um tipo específico de copaíba, a espécie Copaifera reticulata Ducke. Os testes mostraram que o produto consegue interromper a proliferação de e matar células de linhagens tumorais, abrindo possibilidades para o desenvolvimento de novas terapias contra o câncer. A avaliação fez parte da pesquisa de doutorado de Jhéssica Krhistinne Caetano Frota, com orientação do professor João Ernesto de Carvalho.
Ação antitumoral
O interesse de pesquisadores das ciências farmacêuticas pela oleorresina de copaíba vale-se também dos conhecimentos etnofarmacológicos de povos tradicionais, especialmente os da região amazônica. Segundo a pesquisadora, o uso do produto é amplamente difundido na cultura local. “As pesquisas já comprovaram sua ação anti-inflamatória, antimicrobiana, cicatrizante, antileishmania, antitumoral, antimalárica, antioxidante e antinociceptiva [efeito de redução ou bloqueio da percepção e transmissão dos estímulos de dor]”, enumera Frota.
A amostra de oleorresina utilizada nas análises saiu de uma C. reticulata Ducke da Floresta Nacional dos Tapajós, no município de Belterra, no Pará, amostra essa cedida pelo Laboratório de Biotecnologia de Plantas Medicinais da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa). Antes de avaliar a composição e os efeitos farmacológicos do material, a pesquisadora submeteu a oleorresina a um processo de hidrodestilação separando-a em uma fração volátil, de óleo essencial, e em outra fração resinosa.
Realizaram-se ainda fracionamentos para isolar determinados compostos, com o objetivo de comparar os efeitos da oleorresina bruta com suas frações volátil e resinosa e com as subfrações isoladas. No caso das frações volátil e resinosa, Frota conta que o óleo essencial é rico em sesquiterpenos, enquanto a fração resinosa contém mais diterpenos, outro composto da mesma classe, com atividade antitumoral.
A análise in vitro ocorreu em culturas de células de diferentes linhagens cancerígenas, como as de glioblastoma (tipo de câncer que afeta o sistema nervoso central) e de câncer de mama, de ovário, de pulmão e colorretal. Tanto a oleorresina bruta quanto as frações e subfrações isoladas apresentaram efeitos citostáticos, interrompendo a proliferação das células, e citocidas, eliminando-as. Na sequência, foram realizados testes em camundongos, primeiro para determinar a toxicidade aguda e, depois, a ação antitumoral e anti-inflamatória.
No teste de toxicidade aguda, as doses máximas toleradas foram de 500 mg/kg, 1.000 mg/kg e 500 mg/kg para a oleorresina bruta e as frações volátil e resinosa, respectivamente. Já nos testes da ação antitumoral, a oleorresina bruta e sua fração volátil inibiram significativamente o desenvolvimento do tumor experimental. No caso da oleorresina bruta, a dose de 75 mg/kg reduziu o peso relativo tumoral em 44,2% enquanto a dose de 150 mg/kg respondeu por uma redução maior, de 85,3%. Já a dose de 250 mg/kg da fração volátil conseguiu reduzir o peso relativo do tumor em 55,5%.
Também chamou atenção o efeito anti-inflamatório verificado especificamente nas doses de 75 mg/kg da oleorresina bruta e de 250 mg/kg da fração volátil. “Existem linhas de pesquisa que se dedicam a combater os processos inflamatórios que as células de tumores sólidos causam”, afirmou Carvalho. Segundo o docente, conforme os tumores se desenvolvem, as células tumorais induzem processos inflamatórios para se nutrir e crescer. Assim, o efeito anti-inflamatório contribuiria com o combate aos tumores. No entanto os pesquisadores alertam que, de forma nenhuma, o produto deve ser utilizado para enfrentar um câncer. Os resultados das pesquisas, ainda preliminares, carecem de aprofundamento para determinar melhor a toxicidade do produto e seus efeitos farmacológicos.
O professor João Ernesto de Carvalho, orientador do trabalho: pesquisas ajudam a manter a floresta em pé
Manejo sustentável
Por se tratar de um produto tradicional na cultura amazônica, a oleorresina de copaíba é facilmente encontrada tanto em feiras, lojas de produtos naturais e sites especializados quanto em áreas de mata nativa e mesmo nos quintais de casas da região. Se, por um lado, isso amplia suas possibilidades de uso, por outro faz com que fique suscetível a misturas de oleorresinas extraídas de diferentes espécies de copaíba e mesmo a adulterações por meio do acréscimo de outros tipos de óleo. “Como existem 27 espécies de copaíba documentadas no Brasil, quando se fala apenas em ‘oleorresina de copaíba’ não é possível determinar a qual espécie nos referimos”, disse o orientador da tese.
Os pesquisadores ressaltam que a oleorresina de cada espécie apresenta um tipo de composição química específico e fatores como o clima, o tipo de solo e o regime de chuvas podem interferir nisso. No caso, os resultados do estudo referem-se especificamente ao indivíduo da espécie estudada – a C. reticulata Ducke –, encontrado na Floresta Nacional do Tapajós. Segundo Frota, a rastreabilidade da origem da oleorresina representa uma vantagem, pois permite manter a atenção detalhada acerca de suas propriedades e seus efeitos. “Para mim, é um privilégio estudar algo próprio da minha região, da minha casa, e que eu valorizo muito.”
Outra contribuição importante do estudo é valorizar os conhecimentos trazidos pelos povos tradicionais da região, unindo-os a um manejo sustentável das copaíbas e, consequentemente, à preservação da floresta. “Toda a utilização popular, o comércio e a própria pesquisa auxiliam a mantermos a floresta em pé pois a copaíba cresce na Amazônia e, sem a floresta, essas árvores não existiriam”, observou Carvalho.
O trabalho “Uso de Large Language Models na reescrita de bulas de medicamentos” conquistou menção honrosa e terceiro lugar na categoria apresentação oral durante o I Congresso Brasileiro de Ações e Cuidado Farmacêutico, realizado em Olinda (PE) nos dias 28 e 31 de maio. Com o tema central “O trabalho do farmacêutico do futuro e o futuro do trabalho do farmacêutico”, o evento reuniu profissionais e pesquisadores de todo o país para discutir inovações e desafios da área.
O trabalho premiado tem autoria de Amancio Henrique Damasceno Rodrigues (FCF/Unicamp), Jessica Aparecida Cardoso (FCF/Unicamp), Heloisa Ribeiro Ferrarese (FCF/Unicamp), Gabriel Henrique Pereira Lopes da Silva (FEEC/Unicamp), Aline Teotônio Rodrigues (FCF/Unicamp), Daniel Tenório da Silva (UNIVASF) e Elisdete Maria Santos de Jesus (FCF/Unicamp), orientadora, e está vinculado a uma iniciativa financiada pelo edital Global Grand Challenges Brazil voltada à promoção da equidade em saúde por meio de tecnologias inovadoras.
A premiação reflete o reconhecimento do potencial transformador da inteligência artificial no cuidado farmacêutico e reforça o compromisso da pesquisa com a melhoria da comunicação em saúde e o fortalecimento da atuação do farmacêutico na promoção do uso racional de medicamentos.
Propostas incluem, ainda, liberação para farmácias de manipulação criarem compostos. Documento será enviado para consulta pública aberta pela agência reguladora.
No primeiro semestre de 2025, 23 estudantes apresentam o trabalho de conclusão de curso de graduação em Farmácia, para obtenção do título de farmacêutica e farmacêutico:
A comissão formada pelas professoras doutoras Ana Lucia Tasca Gois Ruiz, Catarina Raposo Dias Carneiro e Patricia Moriel indicou as teses de João Victor da Silva Guerra e de Renan Yuji Miyamoto, respectivamente, para o Prêmio CAPES de Tese — Edição 2025 e para a Terceira Edição do Prêmio Tese Destaque da Unicamp.
A lista completa de indicadas nos últimos anos está a seguir.
Desenvolvimento de plataforma computacional para caracterização estrutural e funcional de biomoléculas e sítios de ligação [publicação da tese restrita até 3/4/2025]
No dia 27 de junho, a FCF vai entrar no clima de São João com sua primeira festa junina institucional! Vai ter concurso de talentos, desfile de traje caipira, bingo animado e barraquinhas com delícias típicas.
O encontro é no Pátio da FCF, e tod@s da comunidade estão convidad@s!
Fique de olho: em breve divulgaremos as inscrições para os concursos.”
Atualização: o prazo inicial (26 de maio) foi prorrogado até 20 de junho.
A XX Semana Acadêmica de Farmácia (SAF), organizada pelos alunos de Farmácia da Unicamp, convida os alunos da graduação a se inscreverem para a XMostra de Trabalhos Científicos (MTC) até o dia 20 de junho de 2025, por meio do formulário de inscrição.
A Mostra de Trabalhos Científicos é um espaço para que alunos de iniciação científica e pós-graduação possam apresentar seus projetos de pesquisa e extensão e também é para que outros colegas de curso e professores conheçam os projetos em andamento
A mostra ocorrerá entre os dias 27 e 28 de agosto de 2025.