Defesa de Dissertação de Mestrado — Gabriela Teixeira Aschenbrenner
Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas
Gabriela Teixeira Aschenbrenner
Efeitos do kefir sobre marcadores inflamatórios circulantes em descendentes de fêmeas com disbiose gestacional em modelo murino
Auditório da FCF
Presidente
Drª Valquiria Aparecida Matheus — FCF / Unicamp
Membros titulares
Profª Drª Lúcia Elvira Alvares — IB / Unicamp
Profª Drª Daniela Sayuri Mizobuti — LNBio / CNPEM
Membros suplentes
Drª Natália Ferreira Mendes — FCM / Unicamp
Prof. Dr. Márcio Alberto Torsoni — FCA / Unicamp
Resumo
Com o aumento constante da população mundial, cresce também a industrialização dos alimentos, resultando em produtos ultraprocessados com baixa concentração de fibras alimentares. A redução no consumo dessas fibras tem contribuído para um aumento de indivíduos com desequilíbrios da microbiota intestinal, condição conhecida como disbiose. Esse desequilíbrio também pode ocorrer durante a gestação, sendo então denominado disbiose gestacional. Estudos recentes mostram que o estado gestacional marcado por disbiose pode impactar a prole, predispondo os filhotes a alterações metabólicas e imunológicas que repercutem ao longo da vida. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi avaliar se genitoras com disbiose intestinal geram proles mais suscetíveis a processos inflamatórios e a déficits no sistema imune inato, bem como verificar se o uso de probióticos, como o Kefir, durante a gestação, pode melhorar aspectos do desenvolvimento imunológico da prole. Para isso, utilizou-se um modelo murino da linhagem C57BL/6J. Os animais foram distribuídos em quatro grupos: CT (sem intervenção) (11 genitoras; 25 filhotes), ABX (mix de antibiótico) (13 genitoras; 23 filhotes), K (kefir) (14 genitoras; 24 filhotes) e AK (mix de antibiótico com kefir) (10 genitoras; 22 filhotes). Foram analisados peso corporal, marcadores inflamatórios, perfil hematológico e características intestinais. A disbiose foi induzida nas genitoras por meio da administração de um mix antibiótico (ampicilina 1,0 mg/mL e neomicina 0,5 mg/mL) na água de beber durante a gestação. O Kefir foi administrado por gavagem na dose de 200 µL. As genitoras dos grupos ABX e CT receberam solução salina por via oral, garantindo que o estresse do procedimento de gavagem fosse controlado. As intervenções foram realizadas exclusivamente nas mães, e os filhotes não receberam qualquer tratamento direto. Os dados foram avaliados por ANOVA One-way, seguida do pós-teste de Tukey. Não foram observadas alterações significativas de peso nas mães ou nos filhotes. As estruturas intestinais dos filhotes permaneceram preservadas, exceto pelo aumento do ceco observado no grupo AK. No hemograma, o grupo AK apresentou tendência de redução na série vermelha e discreto aumento de leucócitos; além disso, filhotes tratados com Kefir mostraram maior número de monócitos. As concentrações de proteína C-reativa e fibrinogênio aumentaram nos grupos expostos ao antibiótico, com leve redução no grupo AK. Os resultados indicam que há transmissão de fatores inflamatórios da genitora para a prole durante a gestação. Também sugerem que intervenções dietéticas, como o uso de Kefir, podem modular esses efeitos, atenuando alterações associadas à exposição gestacional à disbiose.



