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Defesa de Dissertação de Mestrado — Caroline Correia Ghensev Barberan

dezembro 15 @ 09:00 - 13:00

Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas

Caroline Correia Ghensev Barberan

Padronização e caracterização molecular do método de biópsia líquida de ctDNA no líquor em pacientes com glioblastoma: primeiro estudo brasileiro comparando amostras tumorais para o diagnóstico de precisão por NGS

Integralmente à distância

Presidente
Profª Drª Catarina Raposo Dias Carneiro — FCF / Unicamp

Membros titulares
Profª Drª Juliana Mozer Sciani — USF
Profª Drª Karina Cogo Müller — FCF / Unicamp

Membros suplentes
Drª Fernanda Luisa Basei — FCF / Unicamp
Prof. Dr. Éder de Carvalho Pincinato — FCM / Unicamp

Resumo 
Introdução: Os gliomas são os tumores mais comuns e malignos do sistema nervoso central (SNC), representando aproximadamente 45,2% das neoplasias nesta região. Entre eles, o glioblastoma (GBM) é o mais agressivo e corresponde a cerca de 80% dos casos. Apesar dos avanços terapêuticos, a sobrevida média dos pacientes com GBM permanece baixa, geralmente inferior a dois anos. O diagnóstico desse tumor baseia-se principalmente na ressonância magnética (RM), seguida de biópsia tecidual (BT) com análise molecular. Entretanto, ambos os métodos apresentam limitações importantes. As modalidades de imagem fornecem informações insuficientes para caracterização tumoral detalhada e não conseguem distinguir, de forma precisa, entre recidiva precoce e progressão tumoral, o que pode levar a interpretações equivocadas e atrasar intervenções clínicas. Já as BT são procedimentos invasivos, e a heterogeneidade tumoral dificulta a avaliação completa do perfil molecular, uma vez que apenas pequenos fragmentos são analisados. Além disso, esse método não pode ser repetido continuamente para monitoramento dinâmico durante o tratamento. Com o intuito de superar essas limitações, as biópsias líquidas (BL) têm ganhado destaque na neuro-oncologia mundial. A análise seriada do líquido cefalorraquidiano (LCR) é menos invasiva e pode oferecer informações fundamentais sobre a heterogeneidade tumoral, auxiliando a medicina de precisão e permitindo o monitoramento em tempo real, já que tumores do SNC liberam material genético e celular nos fluidos biológicos. Nesse contexto, o presente trabalho configurou-se como um estudo com potencial inovador no cenário nacional. Trata-se do primeiro estudo realizado no Brasil com o objetivo de padronizar o método de BL em pacientes com tumores cerebrais sugestivos radiológicos de GBM. O foco foi detectar e analisar, por meio de NGS, as variantes oncogênicas presentes no DNA tumoral circulante (ctDNA) do LCR e correlacioná-las com os biomarcadores identificados nas amostras tumorais obtidas por biópsia tecidual. Foram analisadas amostras de LCR de dois pacientes com diagnóstico sugestivo de GBM por RM, considerando um caso controle negativo e um caso controle positivo. O NGS detectou no caso controle positivo, três variantes oncogênicas no LCR e cinco variantes oncogênicas no tecido tumoral, em concordância com o diagnóstico prévio de GBM. O caso controle negativo não apresentou carga suficiente de DNA no LCR, em concordância com o exame histopatológico, que revelou tratar-se de uma lesão de neurocisticercose, em contradição ao diagnóstico sugestivo de imagem. O estudo demonstrou a viabilidade de estabelecer um protocolo de alta precisão e reprodutibilidade para BL em LCR, utilizando NGS na rotina clínica, favorecendo o diagnóstico antecipado de pacientes com GBM. Por fim, os achados abrem caminho para projetos futuros direcionados à detecção antecipada de recorrência iminente e de doença residual mínima, antes mesmo do aparecimento de manifestações clínicas ou radiológicas como os métodos tradicionais de imagem. A BL representa um avanço significativo rumo à consolidação da medicina personalizada no manejo do GBM com potencial para modificar o curso mundial da doença e o prognóstico dos pacientes com GBM.

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