PROJETO INSPEQT: Investigação de novas substâncias psicoativas em Química e Toxicologia Forense

As Novas Substâncias Psicoativas (NSP), são drogas de abuso produzidas em laboratórios clandestinos, por síntese química a partir de substâncias precursoras encontradas ou não na natureza. Podem ser sintetizadas, por exemplo, por pequenas modificações na estrutura de moléculas que já possuam atividade biológica conhecida.
Estas drogas são conhecidas como legal highs, termo demonstra uma característica importante deste grupo de substâncias psicoativas: proporcionar ao usuário efeitos semelhantes aos produzidos pelas drogas de abuso “tradicionais”, porém sem a classificação de substância ilícita ou controladas internacionalmente, como a cocaína, metanfetamina, ecstasy (MDMA) e LSD.
 
As NSP são um fenômeno global e emergente, com 111 países tendo reportado a apreensão e a identificação de mais de 800 compostos, dentre os quais estão canabinoides sintéticos, estimulantes, alucinógenos, opioides sintéticos, benzodiazepínicos e drogas derivadas de plantas. 
As NSP têm desafiado as abordagens tradicionais de monitoramento, vigilância, controle e medidas de proteção à saúde pública com relação ao tráfico e abuso de drogas. Dificuldades específicas incluem a grande quantidade e diversidade de substâncias classificadas como NSP, a velocidade com que elas entram e saem do mercado ilícito, as diferentes formas de apresentação das drogas, a dificuldade de identificação química das NSP e o desconhecimento da potência e gama de seus efeitos tóxicos em usuários.
 
Desta forma, o projeto INSPEQT tem por objetivo o desenvolvimento de estratégias de identificação química destes NSP, tanto na droga bruta apreendida (em suas diversas apresentações) como em amostras biológicas de interesse toxicológico forense (urina, sangue e fluido oral), bem como o entendimento dos efeitos tóxicos que podem ser causados por estas substâncias. 
 
Trata-se de uma iniciativa inédita no Brasil, que reunirá esforços de pesquisadores e alunos de pós-graduação da Universidade de São Paulo e da Universidade Estadual de Campinas, com Peritos Criminais do Instituto Nacional de Criminalística-Polícia Federal, da Superintendência da Polícia Técnico-Científica do Estado de São Paulo e da Coordenadoria-Geral de Perícias do Estado de Sergipe. O projeto conta ainda com a colaboração de pesquisadores internacionais do The Center for Forensic Science Research and Education (CFSRE) e do Institute of Emerging Health Professions- Thomas Jefferson University (Pensilvânia, EUA). 
 
O projeto INSPEQT será financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), através do Edital 16/2020 – Programa de Cooperação Acadêmica em Segurança Pública e Ciências Forenses (PROCAD). 
 
Como resultado esperado do INSPEQT, espera-se a construção de uma rede de conhecimento e de monitoramento robusta e integrada do fenômeno das NSP em nosso país, com métodos analíticos e bioanalíticos desenvolvidos e validados, dados de incidência de NPS em diferentes regiões do Brasil e informações toxicológicas dos efeitos e níveis de concentração encontrados nas amostras biológicas. Esse conhecimento agregado poderá ser futuramente replicado para as outras regiões do país.