Defesa de Dissertação de Mestrado — Augusto de Souza Silva
Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas
Augusto de Souza Silva
Avaliação do potencial cicatrizante de extrato de bagaço de caju (Anacardium occidentale L.): Abordagem integrada in vitro e in sílico para carotenoides e ácidos anacárdicos
Auditório da FCF
Presidente
Drª Ana Lúcia Tasca Gois Ruiz — FCF / Unicamp
Membros titulares
Profª Drª Gabriela Trindade de Souza e Silva — FCF / Unicamp
Prof. Dr. Éder de Carvalho Pincinato — FCM / Unicamp
Suplentes
Drª Valquiria Aparecida Matheus — FCF / Unicamp
Prof. Dr. Pedro Paulo Corbi — IQ/ Unicamp
Resumo
Introdução: A Anacardium occidentale L. (cajueiro) gera grande volume de bagaço durante o processamento agroindustrial, constituindo um subproduto rico em compostos bioativos como os carotenoides e os ácidos anacárdicos. Este trabalho teve como objetivo avaliar o potencial do extrato concentrado do bagaço de caju (CAE) e de suas frações como fontes de metabólitos com atividade antioxidante, fotoprotetora e antiproliferativa, integrando abordagens in sílico e in vitro. Inicialmente foram selecionados, com base na literatura do extrato enriquecido, os carotenoides β-criptoxantina, luteína e zeaxantina e ácidos anacárdicos monoeno, dieno e trieno como compostos de interesse. Propriedades físico-químicas e ADMET foram preditas por SwissADME e ADMET Predictor™, indicando alta lipofilicidade, baixa solubilidade aquosa e perfil mais compatível com uso tópico do que sistêmico. Estudos de docking frente a alvos relacionados a câncer de pele e remodelamento tecidual (BRAF V600E, MMP-2 e MMP-9) sugeriram afinidade de ligação e interações relevantes para modulação de vias associadas ao estresse oxidativo, inflamação e cicatrização cutânea. O CAE foi submetido a fracionamento líquido–líquido e cromatográfico, originando frações em acetato de etila (ACET I e II), metanol (MEOH I e II) e frações associadas a nanopartículas magnéticas. A caracterização por CLAE-UV (280 nm) em fase reversa evidenciou, no CAE, três picos principais compatíveis com os ácidos anacárdicos trieno, dieno e monoeno, com tempos de retenção coerentes com os valores de LogP preditos. Ensaios colorimétricos confirmaram teores relevantes de carotenoides, flavonoides e fenólicos totais nas diferentes frações. A atividade antioxidante foi avaliada pelos métodos de DPPH e FRAP. O DPPH revelou baixa capacidade sequestrante de radicais, com melhor desempenho para o CAE, porém muito inferior ao Trolox®. Em contraste, o FRAP mostrou capacidade redutora mais expressiva para CAE e MEOH II, evidenciando a importância da escolha do ensaio na interpretação da atividade antioxidante de matrizes ricas em carotenoides e alquifenóis. A atividade fotoprotetora in vitro foi determinada pelo método de Mansur. As frações ACET II, MEOH II e o próprio CAE apresentaram valores de fator de proteção solar (FPS) dependentes da concentração, alcançando FPS ≥ 20 nas maiores concentrações testadas, sugerindo potencial como coadjuvantes em formulações fotoprotetoras. Por fim, a avaliação antiproliferativa em painel de linhagens tumorais (U251, MCF-7, Sk-Mel-28, NCI-H460, HT-29) e não tumoral (HaCaT) indicou atividade moderada apenas frente à U251 e fraca frente à HT-29, com GI₅₀ superiores aos descritos na literatura para ácidos anacárdicos e carotenoides isolados. Em conjunto, os resultados indicam que o bagaço de caju e suas frações constituem fontes promissoras de metabólitos para aplicações tópicas antioxidantes e fotoprotetoras, merecendo estudos adicionais de enriquecimento, nanoencapsulação e validação em modelos biológicos mais complexos.



