Defesa de Tese de Doutorado — Fábio Cassola

Fábio Cassola

Desenvolvimento e avaliação da estabilidade de formulações tópicas empregando óleos essenciais para o tratamento da dermatite seborreica

Local: Sala de defesa de tese — Comissão de Pós-Graduação do Instituto de Biologia, Bloco O, 1º piso | transmissão ao vivo

Presidente
Profª Drª Marta Cristina Teixeira Duarte

Membros titulares
Profª Drª Cibele Bonacorsi — ICS / UFMT (Sinop)
Profª Drª Ana Lucia Tasca Gois Ruiz — FCF / Unicamp
Profª Drª Alessandra Gambero — PUC – Campinas
Prof. Dr. Paulo Cesar Pires Rosa — FCF / Unicamp

Membros suplentes
Profª Drª Carmen Lucia Queiroga — CPQBA / Unicamp
Dr. Rafael de Felício — LNBio / CNPEM
Profª Drª Patrícia Maria Berardo Gonçalves Maia Campos — FCFRP / USP

Resumo: A dermatite seborreica é uma doença inflamatória crônica comum do tecido cutâneo, caracterizada por reação descamativa e inflamatória em regiões tipicamente colonizadas pela levedura Malassezia furfur. Ainda não existe um tratamento definitivo para esta doença, pois as opções terapêuticas disponíveis atualmente objetivam a diminuição dos sintomas e de novos estados de remissão da doença. O uso de óleos essenciais (OEs) pode ser uma alternativa natural de tratamento, visto que estes apresentam diversas propriedades biológicas e medicinais. Deste modo, o objetivo do presente trabalho foi verificar a atividade antifúngica de OEs frente a M. furfur e desenvolver formulações tópicas para o tratamento da dermatite seborreica. A suscetibilidade da levedura aos OEs foi avaliada pelo método da microdiluição. A partir dos resultados de concentração inibitória mínima obtidos (CIM entre 0,5–2,0 mg/mL), foram selecionados os OEs de C. martini, M. × piperita e V. curassavica para compor uma blenda (BOEs), que foi avaliada quanto ao possível sinergismo frente a M. furfur. De acordo com os resultados, a BOEs promoveu efeito sinérgico e apresentou atividade fungicida contra a forma planctônica (CIM = 2,0 mg/mL) e de biofilme (inibição ≅80%; erradicação ≅30%) da levedura. Quando antimicrobianos sintéticos como anfotericina B, cloranfenicol, cetoconazol, fluconazol e nistatina foram avaliados frente ao biofilme de M. furfur, os resultados obtidos mostraram que a porcentagem de inibição/erradicação foi maior para o cloranfenicol (80–84%/42–50%), seguido de cetoconazol (47–83%/40–49%), nistatina (47–60%/32–48%) e anfotericina B (13%). A anfotericina B não teve efeito na erradicação do biofilme, enquanto o fluconazol não causou mudanças significativas na inibição ou na erradicação do biofilme de M. furfur. Além da propriedade antifúngica, a BOEs apresentou atividade anti-inflamatória frente ao fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e não induziu à mutagenicidade nem afetou a viabilidade celular das linhagens HaCaT e L929. Em seguida, foram desenvolvidos um gel, uma loção e um xampu com incorporação da BOEs. Durante o estudo preliminar de estabilidade, a loção apresentou separação de fases, não sendo avaliada quanto à estabilidade acelerada. Para o gel, os parâmetros avaliados permaneceram inalterados durante todo o estudo. Para o xampu, os resultados foram semelhantes, contudo houve um leve escurecimento da amostra acondicionada em câmara climática após 90 dias. A viscosidade do xampu variou de 1000 a 3800 cP, ficando um pouco abaixo dos valores referentes a produtos comerciais. Quanto aos marcadores da BOEs, o geraniol, o mentol e o trans-Cariofileno se mantiveram presentes e sem variações durante todo o estudo, em ambas as formulações. Finalmente, o Challenge test demonstrou que a BOEs conferiu propriedades conservantes ao gel e ao xampu, uma vez que foi ativa contra os micro-organismos de importância em sistemas conservantes de formulações avaliados. Assim, o presente estudo mostrou que a BOEs foi eficaz contra M. furfur, principal agente etiológico da dermatite seborreica, agindo também como conservante nas formulações desenvolvidas, e que mesmo sem a adição de conservantes sintéticos estas se apresentaram estáveis durante o tempo de estudo.