A doutoranda em Ciências Farmacêuticas Tayanny Menezes conta sua experiência e expectativas em relação à cotutela junto à Universidade do Porto
Texto: Gustavo Teramatsu
No último dia 8 de maio, a Comissão Central de Pós-Graduação da Unicamp aprovou o primeiro acordo de cotutela do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas. Trata-se de uma parceria entre a Unicamp e a Universidade do Porto, com o objetivo principal de preparação da doutoranda Tayanny Menezes para obtenção de titulação válida e reconhecida por ambas as instituições. Tayanny é orientada pela professora Taís Freire Galvão na Unicamp e pela professora Inês Ribeiro-Vaz na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Para obtenção do título de doutora em cada universidade, será feita apenas uma única defesa, prevista para o primeiro semestre de 2026.
Tayanny, que é farmacêutica e mestra em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal do Amazonas, desenvolve desde 2022 a pesquisa de doutorado Anti-inflamatórios inibidores seletivos da cicloxigenase-2: tendência de uso e segurança, com financiamento da FAPESP. No projeto, ela e a orientadora previram uma etapa no exterior para estudar a farmacovigilância desses medicamentos com os dados de Portugal sob supervisão da professora Inês Ribeiro-Vaz, que já era colaboradora do grupo de pesquisa.
A doutoranda destaca a influência da orientadora no processo. Tudo começou com uma conversa informal dela com um colega, também docente, que é avaliador de pós-graduação da CAPES. Ele sugeriu aproveitar a oportunidade do estágio no exterior para estabelecer o acordo de cotutela. “A principal vantagem de fazer o acordo de cotutela”, continua Tayanny, “é obter o título de doutora tanto pela Unicamp quanto pela UP, além de favorecer a internacionalização das nossas carreiras e do nosso Programa de Pós-Graduação. Já no final de 2022, confirmamos junto à Diretoria Executiva de Relações Internacionais da Unicamp a existência de convênio entre as duas instituições. No segundo semestre de 2023, começamos a preparar o acordo entre as duas universidades, seguindo orientações da Diretoria de Assuntos Acadêmicos da Pró-Reitoria de Pós-Graduação da Unicamp e do Núcleo Mobilidade Académica da Universidade do Porto, contando com o apoio da secretaria de pós-graduação da FCF”.
“Esse processo foi bastante longo e envolveu a revisão do acordo por ambas as instituições e aprovação em diferentes instâncias da Unicamp, desde a Comissão de Pós-Graduação até a Comissão Central de Pós-Graduação, após a minuta do acordo ter sido validada pela UP. No início de maio, obtivemos a aprovação na Unicamp e agora o acordo seguirá para assinatura dos representantes das universidades. Paralelamente a esse processo, eu e minha orientadora, com apoio da supervisora no exterior, preparamos e submetemos o projeto Efeitos renais dos anti-inflamatórios inibidores seletivos da cicloxigenase-2: análise do sistema português de farmacovigilância para Bolsa Estágio em Pesquisa no Exterior (BEPE), que foi aprovado pela FAPESP em fevereiro de 2024″.
“Até o momento realizamos revisão sistemática, incluindo uma investigação sobre relato seletivo de efeitos adversos em ensaios clínicos, que observamos ser frequente, e análise de tendência de uso dos coxibs. Essas análises envolveram trabalhos de conclusão de curso de graduação, em que atuei como coorientadora dos alunos. Eu qualifiquei o doutorado em março de 2024 e estou me preparando para a etapa de farmacovigilância no exterior, que iniciará no segundo semestre de 2024”, explica Tayanny.
A viagem para o Porto está prevista para o próximo mês de agosto. “Passada todas essas etapas, estou cuidando da logística de passar um ano em Porto. Estou muito animada com o período que vou passar na UP! A universidade é destaque na produção científica em ciências médicas e da saúde. Além de cursar disciplinas e acompanhar as discussões do grupo de pesquisa, vou também colaborar com a avaliação do uso do sistema de notificação em serviços de saúde, acompanhando um projeto da Unidade de Farmacovigilância da UP. Acredito que será uma excelente oportunidade para meu crescimento e amadurecimento acadêmico, além de adquirir expertise em processamento e análise de dados de farmacovigilância que gerem evidências científicas relevantes para a comunidade científica e a sociedade. E a possibilidade de possuir título de doutora por duas renomadas universidades trará retorno acadêmico muito importante para minha carreira!”, finaliza.
Sobre os acordos de cotutela
Os Indicadores Estratégicos da Unicamp apontam que há 33 acordos de cotutela vigentes na Universidade, em 21 cursos de pós-graduação. Já os indicadores de RH atestam a matrícula de 4290 estudantes de mestrado e 5927 estudantes de doutorado.
A página da Pró-Reitoria de Pós-Graduação traz mais informações sobre o processo, que pode ser feito também pelos estudantes de mestrado.